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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Cartas ao meu outro eu-Capitulo 4


                                                Capitulo 4


"Que pensas fazer?" Perguntou Alessandra,quase adivinhando o que lhe passava pela cabeca."
“ Nao sei…Mas ha alguem que nos poderá ajudar.” “ Quem?” “ Só há uma pessoa que poderia ter as respostas  para tudo isto, que estava lá quando..quando aconteceu.O meu pai”.
Fernando tirou do bolso o telemóvel e dispôs-se a marcar um número..lentamente, como se o sangue se esvaisse das mãos, marcou os digitos..Esperou…
”Pai?”
“Fernando…?”
“Como estás?”
“ Bem…presumo que me estejas a telefonar por algo mais para preguntar como estou.”
“ Sim…Bom, na verdade não sei como explicar, mas…preciso de te ver.”
“ Aconteceu alguna coisa?”
“Não..quero dizer, sim mas é complicado explicar por telefone.Preciso de falar contigo sobre algo. Amanhã mesmo posso apanhar o avião.No mesmo sitio?”
“ Sim, aquí continuo.”
“Até amanhã então”
“Adeus.”
Fernando desligou o telefone, e pequenas gotas de suor apareceram-lhe na testa.Guardou o telemóvel e ficou pensativo, a olhar para Alexandra.
“ Que foi? Estás bem?”
Faço-te outra pergunta:”Que te parece passarmos o fim de semana em Portugal?"Alessandra olhou-o com ternura." Queres mesmo que vá contigo? E se o faço,que significará tudo isto entre nós? " "Seja o que for,só sei que me sinto bem contigo perto.Das-me confiança..." "Só confiança?"Disse Alessandra,chegando-se a ele." Vou contigo."" Optimo.Há um voo ás 12.30,podemos apanhar esse.""Ok" disse ela olhando uma vez mais para o cenário dantesco que se deparava diante de eles,decidindo-se por ir apanhando do chão os tubos de tinta meio vazios,os pincéis sujos ainda com a tinta da véspera entre outros utensílios que se amontoavam pelo chão.Quem teria sido o autor de tamanha acção? E se alguem tinha entrado em casa,como o teria conseguido sem fazer um mínimo ruido? As respostas essas viriam de onde menos esperavam..

O vôo proveniente de Amsterdam aterrou no Aeroporto da Portela ás 14.30.Quando sairam pela porta do avião,sentiram a brisa banhar-lhes a cara. Uma nostalgia de quem tinha há muito deixado para tras as suas raizes apoderou-se de Fernando, fazendo-o pensar nos dias  passados em Lisboa .Sempre que voltava,experimentava essa sensação de emigrante,uma especie de nervoso miudinho no estômago.Alessandra estava eufórica,e assim que pôs um pé fora do aeroporto,deixou-se banhar pela luz do sol.O brilho dos seus olhos verdes brilhavam ainda com mais força e o seu cabelo ondulado  acariciava-a como se das ondas se tratasse.
"Belisimo!!! Adoro esta luz,este calor...é como estar em Italia!" Dizia Alessandra,e Fernando apenas apreciava calado como ela se movia,se movimentava,e cada vez mais se deixava seduzir pelos seus gestos,pela forma especial como mordia o labio inferior quando não estava segura de algo.No fundo,ele adorava-a e ela sabia-o,deixando-se também levar por ele,os seus sonhos,as suas ilusões que um dia esperava que fossem também as suas. Alessandra era uma rapariga de uma geração em que tudo acontecia muito depressa.Crescera numa família em que as relações entre eles eram mais bem distantes,pois a mãe de Alessandra,apesar de ser uma pessoa que se esforçava para dar o melhor aos filhos,tinha consigo a mania de se lamentar de tudo e de nada,não sendo poucas as vezes que uma e outra vez desesperava as filhas e o marido com um negativismo tal. Cansado de tanto lamento o pai de Alessandra decidiu levar a familia para o sul de Italia,perto de Regio Emilia,onde se convenceu que o que a mulher precisava era sol e calor para lhe aumentar o animo.Por ali se mantiveram varios anos até que com a crise e escassez de trabalho,voltaram outra vez a Roma,onde se mantem até hoje.Decidida a não passar pelo mesmo que a mãe, desde cedo ganhou a determinação de não depender de ninguém para viver,e decidiu sair de casa, ir para Amsterdam estudar e trabalhar,provando a ela mesma que poderia construir algo para ela,sem ter que escolher a vida ingrata que muitas raparigas da sua idade ,as vezes aliciadas por promessas vazias de muitos homens,tendem a prostituirse num dos muitos locais de alterne em Amsterdam,abatendo cada dia a sua auto-estima e uma dignidade perdida que a muito custo conseguem recuperar Mas Alessandra nao tinha essas ilusões. Queria poder sentir-se bem com ela mesma, e depois de passar alguns anos em discotecas e bares, divertindo-se, chegou a um ponto de auto-saturação onde já nada lhe satisfazia.Voltou para Italia.Para as suas raizes, tentanto voltar ao ponto de partida . Mas as vezes é quase impossivel.Já não somos os mesmos, nunca mais.È como jogar xadrez, um movimento em falso, uma jogada mal feita e dão-nos xeque-mate. A Alessandra  parecia-lhe que a vida dela estava um pouco nessa situação.Quando voltou a Amsterdam, para passar uns dias e rever velhos amigos, tinha pensado encontrar-se com Fernando,tinha um sentimento especial por ele, não sabia bem o que era, mas sentia-o bem vivo dentro. Tinha sido o único amigo que ai havia estado, quando depois de uma noite de copos e alguma ou outra substancia á mistura, montou uma cena num dos bares mais conhecidos de Amsterdam.A derradeira cena em que foi posta cá fora, atirada literalmente para a rua, não trouxe compaixão nem misericórdia dos que outrora se diziam seus amigos..Apenas um, que se levantou, ajudou- a a limpar-se e a levou para um lugar seguro.Seguro dela mesma, e dos fantasmas que lhe assolavam a mente, a penumbra daquelas ruas que de repente eram como braços gigantes que a queriam tocar, romper, matar. Alessandra sentia-se perdida e ainda assim restava-lhe algo de dignidade, algo de capricho infundado na sua personalidade, que não lhe permitia afundar-se totalmente. Fernando sabia-o desde que a tinha visto e essa parte nela era o que o atraía, que o guiava naquela imensa escuridão que era Alessandra por dentro.

Apanharam um taxi que os levaria até á casa do pai de Fernando, indo pela Gago Coutinho até ao Areeiro e depois continuando pela Almirante Reis, chegaram a um edifício antigo, ladeado por um descampado.O Taxi estacionou à porta do predio, Fernando pagou ao homem e dirigiram-se á porta do numero 48. Antes de entrar, Fernando olhou Alessandra nos olhos como que procurando uma confirmação do que estavam prestes a fazer, e tocou á campainha.
 Nao houve resposta.Uma vez mais, Fernando pressionou o botão do 2 andar, mas ninguém que respondesse do outro lado."Estranho" pensou enquanto tentava imaginar onde poderia estar o seu pai, se bem que não tinha ideia da vida que levava."Disse-lhe ontem que chegaria a esta hora..Onde será que se meteu?"Alessandra estava parada a seu lado, quando viu que a porta do velho edificio se encontrava entreaberta, deixando ver uma tenúe sombra do interior."Olha, está aberta, se calhar podemos passar e esperar á porta dele.Não devera demorar muito, não achas?" Fernando assentiu e decidiram entrar, e subir as escadas que os levaria até á porta do apartamento.Quando chegaram ao cimo, notaram que a porta do mesmo estava encostada, como se alguém tivera estado ali antes...Abriram a porta do apartamento e cuidadosamente, seguiram por um corredor, que terminava numa sala, cheia de livros, uma mesa pequena, e alguns quadros e telas guardados num canto.Parecia tudo intacto, como se simplesmente se tivesse esquecido da porta aberta ao sair..."Pois não esta aqui" disse Alessandra, resignando-se ao facto de que teriam então de encontrar um local para pernoitar, já que ficar ali sem a autorização do inquilino era no minimo mal -educação.Fernando continuava ás voltas no apartamento, observando tudo meticulosamente, como  que buscando algo que indicasse o porque da ausencia do pai, quando reparou num pequeno objecto no chão, algo familiar que lhe fez regressar no tempo ...Ao aproximar-se , viu que era um pequeno cilindro, amarrado a um fio.A memoria de Fernando começou a retroceder até há vários anos atrás, quando um dia no atelier do seu pai, o viu receber este objecto das mãos de um amigo árabe, que o tinha ido visitar a Lisboa. O pai havia ido uns meses antes ao Dubai, convidado por um amigo português que ali trabalhava há alguns anos, convencendo-o a visita-lo uns dias.Quando voltou, recebeu como presente um pequeno objecto de metal, agarrado a uma corrente.”-Serve para guardar  o que de mais precioso tens,Julio” Disse o árabe ao pai de Fernando, enquanto se despedia dele, entrando num jipe que o levaria de volta ao deserto, uma pequena vila chamada Tawil Bin Hashil, ao este de Dubai.De volta a casa o pai de Fernando lembrou-se outra vez das palabras do árabe..”-Serve para guardar o que de mais precioso tens.”
Que quereria ele dizer com isso..?




                                                                ***



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Cartas ao meu outro eu- Capitulo 3

                                                                                    Capitulo 3

A estação Central de Amsterdam apresentava um aspecto marcado pelo rebuliço de gente saindo e entrando nos apeadeiros, e nos comboios que lhes levaria a varios destinos na Europa, ate Paris, Viena, Barcelona, Berlim..O facto de vivir na Holanda permitiria usufruir de uma rede de transportes do mais moderno e viajar até onde fosse necessário, sem ter que dispender uma imensidão de horas num assento de combio.
Fernando chegou uns minutos antes do combinado, limpando-se o suor da testa e ajeitando o sobretudo negro que trazia posto, já que aquela hora da tarde o frio que se fazia sentir pedia algo mais grosso sobre a pele.Dirigiu-se a passo acelerado ate á entrada do Starbucks, onde tinha combinado encontrar-se com Alessandra, e ai ficou , perdido nos seus pensamentos, encostado a uma das maquinas de emissão bilhetes que havia no recinto.Veio-lhe á mente a ultima vez que tinha estado com ela, num parque  em Delft, cidade mais ao sul da Holanda, onde tinham ido visitar as ruas e praças,pois Alessandra era uma apaixonada pela Arte Medieval.Enquanto assim estava, uma voz familiar apareceu e passando-lhe o braço detrás das costas, cumprimentou-o com um beso no rostro."Alessandra!!!! Que bueno verte otra vez!!Como estás?" "Molto bene! Mi mancavi Fernando..!!" disse agarrando-lhe fortemente contra o seu peito e abraçando-o enquanto sentia o seu perfume. Apesar de Fernando não falar italiano, e Alessandra não entender Português, conseguiam comunicar-se , já que os dois dominavam o Castelhano , se bem que cada vez que se viam eram poucas as palavras utilizadas.
Sairam juntos para a rua, onde decidiram caminhar até ao Centro da cidade, caminho que conheciam bem dos tempos em que , ainda a viver em Amsterdam,Alessandra decidira frequentar um Curso de Historia Medieval, e onde depois de 6 meses, festejou a todo o alto, num dos cafés de Amsterdam junto a Fernando e alguns amigos mais chegados.
Alessandra era uma mulher que se dava bem com toda a gente, mas com Fernando era especial, algo mais intenso,unico.E ele sabia-o.E a ele fascinava-o como ela contava uma e outra vez historias e lendas da época,nomeadamente a da rainha D.Leonor e D.Pedro , facto que muito admirava, já que Alessandra estava melhor informada da  própria Historia de Portugal que ele mesmo."Como estás Fernando?Como vão as exposições?"
"Bem...não me posso queixar.Ontem estive com uma representante de uma galeria, que me quer levar a Viena..Imagina, eu em Viena."
"E porque não?Tens todo o talento para poder expõr ali" Dizia Alessandra, agarrada ao braço direito de Fernando enquanto se encostava ao seu ombro, fazendo com que o seu perfume se misturasse com o ar frio da noite, causando-lhe uma agradavel sensação de conforto..
" Vejo-te muito calado...Passa-se alguma coisa?" Perguntou Alessandra vendo que o braço dela não surtia o efeito desejado.
"Não, não..bom, na verdade há já algumas semanas que.."
" Que o quê?"
" Que tenho estes..sonhos, se é que se podem chamar assim."
"Que tipo de sonhos..?"
" Vais achar uma estupidez."
" Bom, não seria a primeira vez,mas.." Disse sorrindo,aconchegando-se cada vez mais a Fernando, já que o vento agora soprava mais forte e gelido que anteriormente, fazendo-os procurar um local onde se pudessem abrigar.
Encontraram um café numa das varias ruas que saiam da Leidseplein ,conectando as varias arterias da cidade, e ai entraram.O fumo a tabaco e o ambiente quente contrastou com o frio da rua,e sentaram-se numa das mesas vazias ao pé da janela.
" E?..conta-me então que tipo de sonhos andas a ter..ou será que já os conheço?" perguntou lançando a Fernando um olhar provocador, fazendo-o recordar a sensação que horas antes tinha experimentado, quando pensava no reencontro com Alessandra.Sorriu.
"Não, não é esse tipo de sonho que me refiro..é algo mais...profundo.Há já algumas semanas que sonho com uma mulher, com cabelos vermelhos, e um manto que lhe cobre  o corpo..as vezes vejo-a como num caminho interminável, outras aparece mesmo a minha frente como a querer tocar-me...Diz-me coisas, mas nunca acabo por compreender..e aí acordo."
"Bom, não será que andas preocupado com algo?As vezes a precupação faz-nos sonhar ou ter pesadelos uma e outra vez com as mesmas coisas"
"Não Alessandra, não é isso..é algo mais..como explicar..sinto que de algum modo, esta mulher me quer dizer algo..mas não sei o quê, nem sequer me lembro de a ter visto alguma vez..Mas o mais estranho em tudo isto..foi o que encontrei ontem em casa".
" O quê? Nao me digas que acordaste e lá estava ela, à tua espera, só com a manta?" Disse em modo de troça Alessandra, tentando libertar a seriedade na cara de Fernando.
"Encontrei um pedaço de cabelo vermelho, num canto da casa.Eu sei que não fui eu a pô-lo aí..a questão é, como foi que chegou até ali?"
" Um pedaço de...cabelo?" disse desconfiada Alessandra.
" Não será que tiveste alguma visita feminina...já começo a ficar ciumenta.." Disse sorrindo.
"Não, não, nada disso. Sabes bem que depois de ti, não tive nada com mais ninguem..Não consigo relamente entender como veio aquilo ali parar.."
" Bom, seja como for, o melhor é agora relaxarnos um pouco.Afinal vou aqui estar poucos dias, e quero aproveita-los ao máximo,já que agora que vais expôr em Viena, não sei se não terei de pedir hora e dia para te ver a próxima vez." apontou Alessandra para o relógio de pulso, para logo depois sentar-se al lado de Fernando, e dar-lhe um longo beijo." Considera isto como as boas-vindas...mesmo que tenha sido eu a chegar.Que tal se saimos daqui, e me levas a um sitio mais calmo, para...pormos a conversa em dia.Temos muito que falar, não achas?"
" Aquele " muito que falar" era uma expressão a que Fernando há muito se tinha habituado.Sabia muito bem que quando Alessandra dizia aquilo, só podia significar uma coisa..Depressa esqueceu os sonhos e a mulher de cabelos vermelhos, para sairem do café, e apanharam o tram que os levaria muito perto da casa de Fernando, para depois se envolverem numa espiral de sons, emoções e prazer..Alessandra tinha o dom de lhe poder transmitir uma força interior muito grande, e nessa noite tanto ele como ela se fundiram num mar de sabores, como há muito não acontecia.Antes de adormecer,Fernando olhou pela janela e pareceu-lhe ver uma mulher de cabelos vermelhos que lentamente passava junto a janela, para depois desaparecer por entre o brilho da lua,povoando uma vez mais os seus sonhos com um manto vermelho carmim..

O cheiro a ovos mexidos que pairava sobre a casa acordou Fernando.Ao abrir os olhos,sentiu um peso na cabeça como se estivesse estado acordado boa parte da noite." Bom dia! Finalmente acordaste." Disse Alessandra beijando-o,enquanto trazia na mão uma bandeja com ovos mexidos,sumo de ananás e pão cortado em fatias." Bom dia...mmmm,isto tem todo o ar de estar delicioso..como tu.Ontem foi simplesmente.." Fernando nao acabou a frase e prendeu os olhos no corpo de Alessandra.Adorava olhar pra ela pela manhã,adoptava o ar de quem se levantou, mas que não perde um só instante aquela beleza à italiana.Fernando percorria o corpo dela com os olhos,levava posta a t-shirt justa ao corpo,deixando-se notar os seios firmes,e uns calções de Fernando azuis claros que lhe ficavam simplesmente perfeitos." E então?Não dizes nada?" Fernando saiu do seu transe e olhou Alessandra com uma ternura que nem ele mesmo compreendia." Acho que me podia habituar a viver assim contigo..." disse,sem a olhar nos olhos. Alessandra não disse palavra,e apressou-se a ir á cozinha buscar algo. Quando voltou,tinha os olhos molhados."Que se passa? " "Não,nada..." balbuciou Alessandra." " Algo deve ter sido,para te pores assim..disse algo que não devia,foi?".Alessandra olhou Fernando nos olhos e disse muito seriamente.:" Eras realmente capaz de viver comigo?Eras mesmo capaz de me aguentar cada dia,o meu carácter,a minha maneira de ser..?"Fernando admirado pela reacção ,olhou pra ela calmamente e disse:" se te amasse,sim.".Fernando pensou por uns instantes e sentando-se ao seu lado na beira da cama perguntou:"Porque te foste embora para Italia?De quem querias fugir?" Alessandra olhou-o fixamente e não respondeu. Levantou-se em direcção á janela e ,olhando o dia ensolarado que fazia,perguntou a Fernando se não queria sair até ao Centro. Fernando levantou-se ,e agarrando num par de jeans,foi em direcção ao atelier,que ficava do outro lado do apartamento.O que viu deixou o completamente. atónito,não querendo acreditar nos seus olhos. Alessandra, notando que Fernando não voltava,foi na sua direcção  ,para encontrar-lo ali, impávido,a olhar para algo." Então,ainda não te vestiste? Olha que...." . Não pode acabar a frase,já que a surpresa e admiração tomaram conta do seu corpo..."oh my...O que é isto?" Perguntou,como se a resposta viesse da boca de Fernando,que entretanto continuava paralizado,olhando o cenario que se lhe deparava: Na frente de ambos encontrava se uma manta,de retalhos,estendida no chão,rasgada a meio e pintada com letras cor de sangue as palavras " noite,chuva,homem ,copo no chão,morte....quadro." Tudo isto em meio do caos que tinha ficado o atelier,com tintas esparramadas por todo o lado ,pinceladas nas paredes a negro e vermelho,telas fora de sitio,algumas rasgadas,outras mudadas de posição..Mas a manta era o que causava arrepios a Fernando,ao ponto de se esquecer totalmente de Alessandra,e fixar se nas palavras que estavam escritas no tecido ." Não...não entendo...noite,chuva...homem??? Copo na mão,morte...quadro".Fernando estava cada vez mais perplexo,tentando pricipalmente descobrir que raios estava a passar-se ali,quem teria entrado no seu atelier durante a noite,e principalmente com que razão." Melhor chamarmos a Policia" Disse Alessandra trazendo-o de volta a realidade."Sim,talvez seja o melhor.." disse Fernando,cada vez mais perplexo com tudo aquilo...Até que reparou numa data,no canto inferior direito,a jeito de assinatura." 23 de Novembro de 1992." Ao olhar para a data,ficou branco como a cal,deixando-se levar por uma sensação de angustia e tonturas,o quarto andava a roda. E a voz de Alessandra soava ao longe,como perdida no meio da neblina..Necessitou sentar-se e quando Alessandra a seu lado,lhe perguntou o que tinha sido,que havia visto naquele tecido,Fernando olhou a fixamente,com uma expressão de angústia e olhos humedecidos e disse-lhe numa voz entumecida: " 23 de novembro de 1993.O ano da morte da minha mãe."

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cartas ao meu outro eu-Capitulo 2

                                                                                                  

                                                                 

O espaço estava cheio de objectos que Fernando diariamente utilizava  para poder construir as suas telas..Ao contrário do pai, que utilizava as cores como ferramenta e veiculo de emoções , ele utilizava-as como um complemento no seu trabalho.Uma vez mais as imagens da noite anterior vieram-lhe á mente..."-Telas, uma mulher..a cor forte atravessa-lhe o corpo...não se lembra..Quem era?"Cadeiras,papeis, fotografias, tudo se amontoava numa parte do atelier, no lado oposto á unica janela por donde a luz entrava...As telas,
 essas ganhavam vida por todas as partes, já que Fernando tinha o habito de pintar varios quadros ao mesmo tempo, trocando com facilidade de palete, sem que isso lhe causasse grande preocupação..mas hoje era diferente. Não conseguia deixar de pensar naquela mulher de cabelos vermelhos, com um manto de quadrados de varias cores, que ondulavam pelo seu corpo e que de repente se materializava mesmo á sua frente, para desaparecer logo a seguir..."-Porra!" -pensava ele, antes de se entregar á rotina de cada dia, entregando-se ao
que mais gostava de fazer, ao que mais prazer lhe dava nestes dias, não fosse as imagens que uma e outra vez lhe vagavam pela mente dessa mulher de cabelos vermelhos.

Mas hoje seria diferente e Fernando sabia-o.Há dias atrás, um email enviado desde uma galeria na Austria dizia-lhe que, depois de terem visto os seus trabalhos, queriam fazer uma exposição das suas melhores obras e dar-lhe a conhecer ao um outro publico, um mais refinado, culto e com vontade de comprar algumas obras de arte."-Outros que dizem ser o que não são" '-Pensava Fernando, enquanto á memoria lhe vinham os dias passados no atelier do pai e na galeria do Hotel em Lisboa, onde se reuniam os " grandes" da sociedade lisboeta, mas
 que não passavam de novos-ricos com dinheiro para gastar, supunham que a arte era um negocio como outro qualquer,onde se ganhava apostando no artista que mais rapido subiria a sua cotação nesse ano, seja através de exposições internacionais ou de qualquer outra maneira, o que importava era ver o dinheiro investido duplicar dentro de pouco tempo, fazendo com que as exposições no Hotel se parecessem mais a um qualquer casino de Las Vegas, onde o melhor apostador ganhava o premio.Mas hoje, com a chegada de um emissario da tal galeria austriaca, Fernando predispunha-se a ditar ele as regras, sem querer entar na roda do dinheiro, e seria ele a decidir que obras seriam expostas e quais nao."-Hoje sou eu que mando, sou eu que
decido.."- Dizia convencendo-se a si proprio que assim seria.

Durante toda a manhã esteve concentrado no seu mundo, terminando o que seria uma serie de quadros nova, sobre cavalos e mulheres, e mundos imaginarios, ocasionalmente trazido de volta á realidade pelo soar da musica do ballet de Nureyev, e pelo constante ruido dos pés do vizinho batendo no soalho tentando imitar quem foi um dia um dos maiores bailarinos russos.
Mais tarde, saiu para se encontrar então com o tal enviado da galeria, o tal que haveria de decidir quais os trabalhos haveriam de ser expostos e quando." -Hoje não," -pensava ele.
" - Hoje sou eu que decido .."O encontro tinha sido marcado para as 15 horas, num café que ficava a uns quarteirões da sua morada.O tempo, como era de prever, já há muito que se tinha tornado nublado, e os unicos fios de luz que se infiltravam pelas nuvens não eram suficientes sequer para fazer aparecer a sombra do mais pequeno dos pardais, que de arvore em arvore se dedicavam a comer pequenos pedaços de pão esquecidos por um qualquer transeunte que passara no parque essa manhã.Não fazia frio, mas um vento gelado batia-lhe na cara, enquanto cruzava a ponte que atravessava o canal para logo chegar ao café acordado para o efeito.Lá dentro, procurava alguém que se parecesse a um tal Mr.Schimdt, unica referencia que tinha entendido do email enviado há algumas semanas atrás."-E como raios se parece um Schimdt?"-pensava como se tal fizera sentido na sua cabeça.Olhava em varias direcções até que se decidiu sentar numa das mesas perto da janela, e onde prontamente veio um empregado perguntando-lhe se gostaria algo para tomar.
"Uma 7UP." Pediu, sendo já normal sentir-se observado,já que a aversão ao alcool tinha sido herdada do pai, fazendo-o sentir como que se não pertence-se a este tipo de ambiente, a este mundo.Enquanto isso, continuava á procura do tal Mr.Schmidt,quando de repente uma mulher, de feições asiaticas, vestida com uns jeans e blusa preta, aproximou-se e perguntou-lhe se era ele Fernando de Sousa, com quem tinha tido o prazer de trocar emails há algumas semanas atrás. Fernando levantou-se, não podendo esconder a surpresa de quem se surpreende com algo que não estava á espera." - Sim, sou eu" -disse no seu Inglês com sotaque, ficando por breves momentos a olhar para a figura que diante se apresentava."- I'm Mrs.Schmidt".Apresentou-se  lendo na sua cara uma admiração como quem já tivesse passado por aquela situação varias vezes antes."Aposto que pensava que eu era austriaca..ou tavez alemã..ou até mesmo Inglesa.mas tudo menos asiatica"Disse, sem esconder um sorriso como que se diverte com a situação." Sim, na verdade quando li o seu nome no email, não esperava que fosse ..bom, não estava á espera de uma Sra., muito menos asiatica."  Confessou, tentando manter-se serio com aquela afirmação." Sim, é normal, todos pensam que Schmidt se refere a um homem, e quando me veem, a surpresa é a dobrar.Na verdade, sou alemã, de ascendencia filipina.A minha màe era Alemã, e o meu pai filipino.Vieram para a Austria quando ainda eram jovens."Disse, como para recitar uma afirmação que decerto já teria sido feita vezes sem conta."- Mas vamos ao que interessa, Sr.Sousa.Como lhe comentei no email, estamos interessados em expõr as suas obras numa exposição em Viena, que será agendada para dentro de dois meses.Gostariamos de poder assinar um contracto, assim como delimitar o numero de obras a expôr.Está de acordo?" -perguntou, aguardando por uma resposta." -Se estou de acordo?" -Disse Fernando, tentando assimilar toda a informação e buscando uma resposta que se adequasse ao que queria dizer"-Claro que quero,!"-Pensou, mas conteve-se alguns segundos até se acalmar e poder mostrar que era ele que decidia, ou isso pensava, embora já  soubesse que a decisão estava tomada.
 Iria expôr numa galeria no coração de Viena, assinando um contracto que lhe garantia pelo menos nos dois próximos meses fundos suficientes como para não ter de pensar em como e a quem iria vender o seu próximo quadro.
Assim que a Sra.Schmidt saiu, abriu o guarda-chuva que prontamente tirou da sua mala, já que do céu começavam a cair as primeiras gotas de chuva, facto que já o tinha habituado ao inconstante clima
holandês, mas nem por isso deixou de sentir dentro de si uma sensação de vitoria, de orgulho em si mesmo por ter conseguido esta exposição.É certo que teria que dividir os lucros do que ganhasse em 50% com a galeria, mas mesmo assim, era para ele toda uma victoria.Ao sair do café e girar a esquina em direcção a ponte, pensou no pai e na expressão que punha quando o tentavam convencer a expõr no estrangeiro, e ele, desculpando-se pelo facto de nunca o entenderem, continuava a declinar qualquer convite nesse sentido."Se me visse agora.."Pensou, enquanto caminhava em direcção a casa.
Ao abrir a porta, uma sensação estranha atravessou-lhe o corpo.Parou.Pôs-se à escuta, diante da porta semi aberta.Já nao se ouvia o Ballet de Nureyev, nem o saltitar do vizinho.Tudo era silencio, como se de um véu se tratasse.Fechou a porta detrás de sí, e...ao girar a esquerda e entrar no atelier, viu que o quadro que horas antes tinha estado a trabalhar, estava agora numa outra posição, como se o tivessem girado."- Estranho.." Pensou, não se lembrava de o ter girado , muito menos de o ter deixado naquela posição.Mas a reunião com a Sra.Schmidt estava ainda bem presente na sua memoria ,assim que começou a fazer contas e a ver de quantos e quais quadros teria de enviar à Austria, assim como preços, gastos de envio, etc..Mais tarde, sentou-se num pequeno sofá, num dos cantos da casa, sofá esse que tinha sido deixado por um dos antigos inquilinos, feito de um cabedal verde-escuro,e mostrando a marca de arranhaços o que delatava a outrora presença de animais domésticos.

Ao contemplar todos os quadros que havia criado num tão curto espaço de tempo ( e eram mais ou menos como 40 obras, empilhadas umas atrás das outras nos vários espaços disponíveis no atelier), prendeu o olhar com um pequeno objecto vermelho, encostado a um dos cantos que faziam sombra juntamente com uma dezena de quadros de grandes dimensões encostados a uma das paredes..Levantou-se ,intrigado pelo o que seria aquilo já que não se assemelhava a nada que lhe parecesse familiar, até que quando o viu, apanhando-o do chão, ficou surpreso." Cabelo..vermelho..???!!". Pensou, intrigado, já que a ultima mulher que tinha pisado o seu atelier tinha sido há uns bons dois anos atrás, quando, afectado por uma relação amorosa que tinha acabado abruptamente, decidiu entregar-se aos prazes mundanos, qual Picasso adormecido, e convidou uma amiga para lhe fazer companhia, entregando-se a umas horas de prazer sexual, onde as telas e tintas jogaram com os corpos e a voluptuosidade daquele ser feminino lhe fez vir vezes sem conta..Foram apenas 3, durante largas horas, mas ele preferia pensar que tinham sido mais.Contudo, aquela mulher tinha o cabelo preto, ondulado, de ascendencia latina, não sendo por isso dona daquela mecha de cabelo."- Donde raios  apareceu isto?" Pensou, tentando concentrar-se nalguma explicação lógica para o achado, nao deixando de sentir um nervoso miudinho atravessar-lhe a garganta.
Por muito que pensasse, nao conseguiu encontrar uma explicação que lhe valesse para conseguir entender como aquela mecha de cabelo vermelho tinha ido ali parar,muito menos encontrar-se no seu atelier.Convenceu-se de que tinha sido por meio de algum amigo que recentemente o tinha visitado, pois era comum Fernando receber visitas de amigos que tinha feito nas varias viagens pelo mundo, nomeadamente pela América Latina.Assim, mais calmo, guardou o pedaço de cabelo dentro de uma gaveta e não mais pensou nele.
Naquela noite,foi invadido por um sonho:Via uma mulher baixa, que lhe falava e sussurrava ao ouvido palavras que não entendia, mas que lhe pareciam familiares.Detrás aparecia uma cama com barras de metal finas, em que convergiam até um ponto infinito num mundo povoado por gotas de chuva.A mulher falava com ele, estendendo o braço, e envolvendo-o com o seu cabelo vermelho, como se de um lençol se tratasse, até que o tapava por completo..Fernando acordou de repente, mas manteve-se imóvel na cama, talvez pelo cabelo da mulher que ainda lhe assolava a mente.Respirou fundo e tratou de se concentrar para dormir outra vez, mas as muitas imagens que agora deambulavam pelo quarto, faziam-lhe impossivel conciliar o sono, assim que resolveu levantar-se e dar uma olhadela ás noticias do dia na Internet.O relógio esse marcava as 6h54 e os primeiros raios de sol entravam pela janela,fazendo possivel discernir na sombra uma tela em que se via pintada uma mulher, com um manto de varias cores nos seus ombros.

No telefone, o som caracteristico de recibimento de mensagem fez a sua aparição...Quem seria aquela hora? Era Alessandra.Uma amiga italiana que tinha vivido alguns anos em Amsterdam, mas que por vissicitudes da vida, resolvera voltar a Italia, com grande pena de Fernando, já que a considerava uma das mulheres mais actrativas que alguma vez tinha visto. Os olhos verdes de Alessandra contrastavam com o carácter forte e decidido , ou nao fosse ela uma "Romana", nascida e criada no Bairro de Trastevere, como se de um filme de Woody Allen se tratasse.Alessandra avisara-o de que viria a Amsterdam uns dias, visitar uma amiga, e levar o resto das coisas para Italia, assim que se ele quisesse, poderiam ver-se num dos muitos cafés em Amsterdam, onde tinham já partilhado muitas noites de saidas nocturnas e algum encontro ocasional.Nunca  tiveram uma relação, mas Alessandra era daquelas mulheres em que é impossivel dizer que não, já que a voluptuosidade das suas curvas aliadas ao caracter que desprendia, fazia- a ser desejada pela maioria dos homens,sendo Fernando uma presa facil de conquistar, e embora ele o soubesse nem se importava muito com a questão, pois bastaria umas horas com ela para se deixar levar pela imaginação e de ai surgiriam uns quantos quadros mais,sendo assim gratificante para os dois o reencontro.Alessandra estaria no dia seguinte na estação Central de Amsterdam, e dai seguiriam para o Centro, pela Dam, chegando a uma das famosas praças da cidade, onde poderiam depois decidir o que fazer, mas Fernando tinha a esperança de poder provar outra vez do prazer que Alesandra lhe porporcionava.
Horas mais tarde, já vestido e pronto para mais um dia de afazeres e pinturas, o já caracteristico som do andar ao lado permitia-lhe saber que era já hora de se pôr a trabalhar.A pontualidade do vizinho com o "Song of a Wayfarer"marcava o ponto de partida para uma jornada de pintura e inspiração que vinha por meio de pequenos pontos e quadros que marcavam o ritmo, ao compasso de Nureyev.A mensagem de Alessandra horas antes tinha-lhe deixado entusiasmado e os seus sentidos e apetite sexual estavam agora em ebulição, imaginando-se nos braços daquela italiana, ou simplesmente quando ela posava para ele das mais variadas posições e feitios, transmitindo uma confiança que ele práprio tentava transmitir nos seus quadros.

No final da tarde, adormeceu exausto no sofá verde-escuro, enquanto que o entardecer ia levando consigo os raios de sol, difuminados entre as nuvens que depressa se faziam sentir, adivinhando uma noite de trovoada ou pelo menos chuva intensa."Um quadro...uma mulher..cabelos vermelhos..um quadro com um rosto..quem é...quem é??A mulher chama-o para si, toca-lhe o rosto, mas não sabe quem é..O quadro por terminar deixa transparecer uma figura..um Atelier, outro sitio, outro tempo..O seu pai..enconstado a parede, mãos na cara..Chove...O quadro por terminar..um copo que cai no chão..".-Fernando desperta de um salto, com as imagens ainda vivas na sua mente, e sentindo as mãos humidas e frias, como se a chuva o pudesse tocar.A penumbra invadiu o atelier, e sombras de telas amontoadas fazem a sua aparição.Respira fundo, tentando recuperar os sentidos e a razão, enquanto que a chuva lá fora cai fortemente, misturando o cheiro a terra com o cheiro a óleos que emana do apartamento..."-Devo tar a ficar maluco...Estes sonhos estão cada vez mais reais.."pensa, enquanto muda de ropa, trocando a bata de pintura por uma t-shirt negra,com o logotipo de uma das suas bandas favoritas.Por segundos senta-se no sofá, pensando uma vez mais nas imagens que visualizou no seu sonho..O seu pai, o seu atelier..um quadro ..que quadro era aquele? Não se lembra de o ter visto nunca, e muito menos que o tenha feito o seu pai..quem seria aquela mulher?Quem o haveria pintado?"

As perguntas iam se acumulando na cabeça de Fernando como moscas em carne putrefacta..Há varias semanas que lhe perseguiam imagens de essa mulher,cabelo longos,vermelhos,que lhe chamava incessantemente,misturada com imagens do seu pai,mãos na cara,o atelier, a chuva, noite..e um vulto.Lembrava se de,esta vez ter visto um vulto.Uma vez mais tentou esquecer as imagens,mas tinha amanhecido um pouco de mau humor,e nem quando ouviu as primeiras notas vindas da casa do vizinho,pode mudar o semblante.Necessitava sair e respirar ar fresco,ir comer algo,talvez assim pudesse esquecer tais imagens e concentrar-se nas pinturas que preparava para a exposicão.Enquanto descia as escadas,viu que o carteiro tinha deixado algumas cartas na soleira da porta,sendo uma delas. da galeria com quem tinha acordado por meio da Sra Schmidt há 2 dias atrás.Agradeciam-lhe a gentileza de colaborar com eles,e pediam-lhe generosamente que lhe enviasse por email os seus dados bancarios para procederem ao pagamento da primeira prestação: pagar-lhe-iam por 3 dos seus quadros com medidas entre 100 x 80 cms,500 euros por cada
um,sendo os restantes 17 á comissão,se vendessem,muito bem,se não....
" È um bom negócio, pagam-me por três quadros, venda-os ou não, e depois o resto já veremos".
Fernando apressou-se a subir de novo as escadas e enviar sem demora os detalhes pedidos,e como ainda se sentia perturbado pelas imagens da noite anterior,decidiu uma vez mais voltar á rua e refrescar as ideias.Lembrou-se no entanto que hoje tinha marcdo um encontro com Alessandra,o que lhe fez passar toda e qualquer perturbação,sentindo um peso sair-lhe de cima."Alessandra..." pensava,imaginando a noite loca em que ambos passariam fazendo amor,recordando velhos tempos,e quem sabe começar algo novo.


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cartas ao meu outro eu-Capitulo 1

Fernando desperta, com  os olhos ainda sonolentos, e um copo de vidro na mesa que lhe indica uma vez mais que a noite foi longa. Mas não entregada à  bebida,nem aos prazeres mundanos.Fernando não bebe.Talvez influenciado desde muito cedo pelo seu pai, que apreciava qualquer sumo de frutas e até vegetais, mas que não suportava o cheiro do alcool, convertendo-o assim no unico homem que Fernando conheceu que não bebia ,mas passava as noites a pintar, num atelier da Rua Cidade de Cardiff, nos Anjos. Fernando lembrava-se do cheiro,das cores, das inumeras conversas do seu pai com homens que o visitavam, alguns a comprar-lhe quadros, outros simplesmente pelo prazer da conversa, da luz que emanava do atelier quando o sol batia ao meio-dia,e principalmente do pequeno estojo de óleos e pinceis que lhe haviam oferecido quando cumpriu oito anos, marcando assim o seu passo da infancia a uma idade onde supostamente ja saberia o que queria da sua vida, ou pelo menos com os óleos na mao,conseguiria decidir-se mais facilmente pela sua vocação, até então ainda duvidosa. Enquanto o progenitor se debruçava sobre uma tela de grandes dimensões e cores vivas, a musica de fundo tocava "Summer wind"de Frank Sinatra, seguido depois de Ella Fitzgerald, visto que seu pai era um admirador confesso de vozes que lhe tocavam a alma, e que segundo ele "o transportavam a um outro mundo, uma outra realidade."  Realidades diferentes era o que pintava o pai de Fernando, até altas horas da noite, já muito depois da luz do sol ter deixado de existir, e pela janela entrarem os primeiros raios de lua...Pintava um mundo novo dizia ele, nos seus quadros.Nunca fora um pintor muito conhecido do mercado internacional de arte, nem mesmo nos circuitos nacionais, embora um amigo de infancia o tenha representado varias vezes em exposições feitas num Hotel no centro de Lisboa, numa pequena Galeria onde se reunia a nata da sociedade portuguesa, junto com uma outra nata de pseudo-intelectuais que diziam serem o expoente maximo dos entendidos em Portugal. Embora sempre se tenha defendido bem, o pai de Fernando nunca quis dar um salto maior que as pernas, ter-se aventurado lá fora das fronteiras nacionais. Dizia ele que os seus quadros nao seriam nunca compreendidos por gente que nao falava a mesma lingua,embora tivesse tido a curiosidade de que um qualquer inglesos os olhasse e se dispusesse a fazer uma critica.
Mas isso era antes.
Antes de o seu pai ter sido "forçado"a abandonar o Atelier nos Anjos, e com ele o seu mundo,por culpa de um indivíduo que habitava a Cave esq., um homem alto,de ascendencia africana sempre impecavelmente vestido,ás vezes encontrava-o á entrada do predio e cumprimentava-o com um "Olá",vendo-o depois desaparecer escadas abaixo,sempre enfiado no seu traje. Até um dia que o viu sair escoltado por dois agentes da PJ até ao carro onde depois desapareceriam avenida abaixo, deixando o pai de Fernando atónito perante tal cena.Só uns dias mais tarde compreendeu o porque: o "Ministro", como o chamavam tinha burlado em varios milhares de euros o dono do edificio,estando agora o mesmo em mãos do Ministerio Publico, onde investigação atras de investigação se acabou por perder numa qualquer gaveta de um qualquer Gabinete da Policia Judiciaria, num qualquer districto de Lisboa.
 Mas isso foi há muito tempo.
 Fernando olha para o relógio e lentamente tenta despertar.O chão frio contrasta com o calor que desprende causando-lhe um escalofrio.Tratando de se recompor tenta por em ordem as imagens do dia anterior, que lhe povoam a mente.."-Quadros, tintas,cheiros...uma mulher..Quem era?" Nao se lembra, como sempre.Apenas aquele som, aquele zumbido nos ouvidos que lhe penetra na mente e o faz esquecer..mas esquecer o que?Decide nao dar mais atenção ao assunto, e por-se a trabalhar.A luz do sol entra agora mais fortemente pela unica janela onde havia estabelecido o seu espaço, o seu mundo. Era um edificio singular aquele. Desde que há sete anos atrás, quando decidiu sair de Lisboa e estabelecer-se nos Países Baixos, encontrou aquele edificio, sentiu-se atraído pela privacidade que emanava daquela construcção, construido no sec. XVII, e onde antes tinha sido uma destilaria, era agora um conjunto de dois andares, repartido por uma area comum , e onde escadas se intercalavam como num labirinto.Lembrava-lhe um pouco o famoso "Bateau -Lavoir", conjunto de ateliers tornado famoso nos finais do sec XIX, pelos grandes artistas que por ali passaram, entre eles Modigliani, Apollinaire, Juan Gris e provavelmente o mais conhecido de todos, Pablo Picasso, que por ali mesmo pintou " As meninas de Avignon" em 1907,tornando-se um ícono no mundo da Arte Moderna. Talvez por isso Fernando se tenha "apaixonado" pelo edificio, embora o facto de saber que teria só um vizinho com quem partilhar a escadaria tenha sido um factor bastante apreciado. A entrada fazia-se por uma larga escadaria até ao segundo andar, atravessando por completo a casa do vizinho, um tipo curioso proveniente das antigas colonias holandesas, e cujo trabalho era fazer parte do idealismo dos turistas, trabalhando numa das muitas coffee shops espalhadas pela cidade,mas que tinha como paixão o ballet clássico, e sendo fervoroso conhecedor da obra de Rudolf Nureyev,não era estranho ver-lhe practicar o seu ritual cada manhã,ao som de "Song of a Wayfarer"..Fernando já estava acostumado, no fundo até achava graça ao facto e se questionava se a inclinação sexual do sujeito seria a mesma que a sua, não obstante os indícios reveladores do contrário.As vezes lá o via chegar,altas horas da noite de blusão azul escuro e botas negras,imaginando que viria de mais um dia de vendas, populando a imaginação dos turistas que vem á Holanda atraídos pelo "Bairro Vermelho"de Amsterdam e a venda legal de drogas.
O facto de serem os unicos a habitar tal construção fazia do sitio um local apetecivel para Fernando poder pintar , já que embora as vezes partilhassem sons, pequenos comentarios e ocasionalmente algum que outro desvario sexual (muito por culpa das paredes que separavam ambos apartamentos, que eram tão finas que se podia ouvir com claridade o que o outro dizia), era um espaço confortavel e amplio o suficiente para cada um poder fazer a sua vida á vontade.Fernando gostava de se sentir no seu mundo, estar sozinho e ficar largas horas desligado da realidade, deslizando pelas telas como se de uma onda se tratasse.No entanto, tambem lhe reconfortava saber que do outro lado a escasos centimetros havia alguem.Gostava dessa sensação de segurança,talvez pelo facto de um dia de calor, há muitos anos atrás, tenha ido com os pais a um Centro Comercial da zona e acidentalmente ter-se fechado num dos muitos ascensores do complexo, ficando 2 horas completamente absorto e sozinho, sentindo como o ar se lhe acabava e ouvindo os gritos histericos da mãe detrás das paredes de betão.Quando finalmente o puderam libertar, vinha com os olhos inchados por haver gastado todas as lágrimas naquele dia, mas impávido e sereno como uma manhã de Verão.A actitude indiferente contrastava com a da mãe, que sentindo-se como se o seu filho tivesse voltado a vida, tal Lázaro, abraçava-o enquanto que o pai, passando-lhe a mão pela cabeça dizia,"-Nao foi nada, já passou.."

CARTAS AO MEU OUTRO EU

Ultimamente tenho andado decidido a escrever um livro, uma ideia que tenho andado a magicar ha ja algum tempo, mas que nunca tinha saido da cabeça, seja por falta de tempo, ou ate mesmo pela desconfiança que sentia em relaçao a aventurar-me em tao "perigosä"aventura. Nao sou escritor, considero-me muito mais um pintor de imagens e historias.

Mesmo assim, depois de meditar, decidi ir publicando aqui no meu blog um capitulo de vez em quando.

Espero que gostem, quem quer que tenha interesse  em le-lo:0



domingo, 28 de outubro de 2012

Horses

Finally, my webiste is ready for the public.After 2 months of hard work by 2 guys who, with their simplicity and will to help, could prepare everything for it to be ready on time.
I would like to thank specially to Cristovao, a person who became my friend throughout these past months.His indications, suggestions, tips, etc were decisive for the website.

Thank You.


Nevertheless, time does not stop, and here I am ready again to new paintings, new exhibitions.I will start soon a serie of paintings with horses.Adapted to my own vision and style, horses can and should be painted.They are terrific animals, handsome,strong and noble.\


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Oils Oudt Hollandse

In all these years I've been an artist (not that many yet..) I have came across different materials, types of oil colours, brushes, etc.I always try to look for the best quality materials, the ones who provide the same colour effect .
Of all the ones I've used, it's undeniable the great and extreme quality of the OUDT HOLLANDSE oil colours.


The first time I came across this brand was here in Holland, but if we take a look to their website, we can see that they export to more than 50 countries, and they are even use to restauration purposes by museums worldwide.

As to me, I can say it's worth it every cent of hat it cost. Some tubes og 160ml can reach 160 Euros, and even thought maybe it's too much for amator artists, or at least to use it has a hobby, to use in your daily basis is a remarkable experience.

Here I leave you with their website, where you can see the process of making it, as well as the history of the company based in Driebergen.

http://www.oldholland.com/about/history/1980-to-present-day/

  
              

terça-feira, 16 de outubro de 2012

I decided to start a new serie of 8 paintings.

This one, about a social subject that caught my attention: the "burcas". "A burqa (Arabic pronunciation: [ˈbʊrqʊʕ, ˈbʊrqɑʕ]a; also transliterated burkha, burka or burqu' from Arabic: برقعburquʻ or burqaʻ) is an enveloping outer garment worn by women in some Islamic traditions to cover their bodies when in public."

I believe it's a lso a way to cut liberty and freedom of expression from women who can't or are not allow to express themselves , to culture themselves, or even to show themselves in a public.
With my paintings I want to show the "burqa' , but worn by women who have nothing to do with islamic culture.

For instance, a woman from Portugal, or from Mexico, or from Argentina, but all of them become " the same". or become " invisible" by wearing that piece of clothes in their heads.What I try to express with this is the anguish, the lack of expression they have, even though they belong to different countries.

As for now, I'm working on my first one:


terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Abraçando Lisboa"

                                                    
                                                     "Abraçando Lisboa" 120x100 cms


My latest work.powerful, depicts a woman being embraced with her city , Lisbon.The streets come out of her,  and she feels the sounds of " Fado" nearby.

her reality is being surrounded by her past..and I am her. before in Lisbon, now in a distant land, but always feeling it inside...My city, the streets, the river, the air.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Annalisa

"Annalisa on the Chess"

Annalisa is a girl from Italy, who I've met a few years ago in Amsterdam.Even thought I have never seen her again after she departed from the Netherlands we continued at some point maintaing contact and because she likes what I paint she comissioned me a painting where she's lying on the beach.

When I paint I always try to get information from people, so my paintings have always a meaning, a deeper meaning, and that usually works better when I know the person and/or I already know what I want to paint and have the drawing in my head.

With this painting, I had to follow different pictures and try to see the meaning of "Annalisa"

terça-feira, 25 de setembro de 2012

So I've been working on these last two paintings lately:


The first one, reflects a girl, laying on a floor, a beach maybe, together with her " chess game". her life is a chess game, and she must move pieces correctly.

The second one, is a girl laying among Lisbon, among my city, being absorved by the city trams, by the walls, the streets.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

International book of Art

Recently I have been trying to give my career a boost, it's not enough to be a good painter, but you also need to be part of a system that allows you to sell more often..One day, while thinking about this, I received an email that was inviting me to be part of a Annual book of artists, and which the advertisement is "Artists from all over the world present their works in a museum quality art book".

I always try to see if there are any scheme behind it, for artists who want to sell and have an illusion that they will make a living out of it, it's not hard to get them into participate in Exhibitions in which they have to pay everything, without no guaranty that they will actually get something in return. Once, I have spoken to an Art Consultant who "warned"me about the "dangerous"those Galeries can be, etc , etc..

And so I was thinking about participating in this book, getting all the info. I could about it..All they ask is for me to buy 2 pieces of the book, and they will place my art and a small resume in one of their pages.

http://www.incoartists.com/index.html


There site looks nice, information is clean and accurate, and it seemed a good deal for me to participate. As I said before, you need to be part of  a system to be able to get known and to sell you work more regularly.

So I'm waiting to see the outcome of it.


sábado, 1 de setembro de 2012


Im now busy with diferent paintings, one of them being this that I represent here..We see 2 girls, one holding a book, where fishes come out, and the otehr sleeps with a book in her hand..That can represent culture, or maybe the girl holdng the book is just trying to get rid of things she does not like or does not feel identified anymore.Nevertheless, there is some sort of "wheel of fortune"that spins in the same direction for both girls..

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Exposicion en Budapeste

Hace unos años atras tuve la oportunidad de hacer mi 1a exposición internacional en Budapest,Hungría.La invitacion llegó por medio de una Galeria,la Opera gallery,en que invitaban 8 artistas de varios países para exponeren sus trabajos por algunas semanas.
Pense que sería una oportunidad excelente para mostrar mi trabajo, asi que reuni 3 de mis mejores trabajos y les envie a Budapest,pago previo de una admisión de 200 euros,que incluiría tener derecho a unos minutos en la television húngara.
Reuní el dinero,pague la admisión y me preparé para viajar hacia Hungria,país del cual no sabia nada,excepto que me acordaba la mafia de los paises de leste,prostitutas y filme porno de calidad dudosa.

Partí sin saber que esperar,quizás el reconocimiento a mi trabajo como artista plastico, donde empezaba ya a tener un estilo muy proprio.En ese tiempo cobraba un sueldo del fondo de desempleo,pues habia sido despedido el año anterior de mi trabajo y vivia a costa de ese dinero y pintaba.Cada dia hacia de mi casa mi atelier y sentia esa sensacion de libertad,de hacer lo que me encanta,de despertarme a las horas que quiero,etc...aun asi mis deudas estaban ahi,( después de un divorcio también el año anterior) así que viajar a Budapeste era tambien en la esperanza de poder vender mi trabajo.

Salí de Amsterdam por la manana en un vuelo con conexion en Viena,ciudad lindisima por cierto.Cuando aterrize en Budapeste sentí los viejos señales del comunismo alrededor,en sus plazas,en sus calles.un taxi me llevo del aeropuerto Ferenc Puskas hasta el hostaal que una amiga me habia recomendado,por ser bueno y barato.cuando ahi llegue ,tuve la impresion de llegar a una mansion encantada,con sus torres,largos pasillos y habitaciones que hacian acordarse de un viejo hospital salido de cualquier pelicula de terror.
Instalado en el hostal,pregunte a la recepcionista que atraciones turisticas habia para visitar,ya que la exposicion era el Sabado por la noche y yo habia llegado el Viernes por la manana.Cogi el metro y viajé hacia el centro donde,despues de caminar unas horas,decidi coger el autobus turistico,para visitar buda y peste,las dos partes de la ciudad,separadas por el rio Danubio.

Hice un viaje de 2 horas, visitando parques, subiendo la sierra del otro lado del rio, y me gustó. Mientras, iba pensando en la Exposicion, en lo que queria decir y/o pensar .

En el Hostal, como referi, me daba la sensacion de haber sido sacado de un cuento de terror...la tipica ventana en lo alto, medio abierta..Pase noches esperando encontrar un fantasma deambulando por los pasillos, o el espiritu de alguna niña atrapada..No vi ninguno de los dos, para mi infortunio.

En la ciudad, visite el Museo de bellas-artes , donde habia una exposicion con Picasso, Mondrian, Monet, Gauguin, Van Gogh..Como siempre, me perdi por entre los cuadros que grandes artistas pensando que talvez yo pudiera estar en alguno de esos sitios un dia..de preferencia, mejor vivo que muerto.


En el dia de la expo, me sente unas horas antes en la plaza principal , al lado de la Opera de Budapeste.La galeria era justo al lado, y mientras esperaba la hora de comenzar, miré fijamente la gente que pasaba..Muy bien vestidos, y las hungaras lindisimas, mujeres con rasgos faciales muy definidos,orgullosas de ellas mismas y de su pasado aristocratico.Por la noche entre pues al tan esperado encuentro , y pude conocer los demas artistas, tal como clientes y admiradores. Fui entrevistado en la TV Hungara, en canal de la Cultura, donde expuse mi trabajo durante unos 5 minutos, pero que para mi duraron una eternidad..Finalmente, ansiaba ser reconocido como un grand pintor!


El dia de la partida, hice el mismo camino de vuelta , pasando el dia en Viena, ya que mi vuelo de conexion era el otro dia por la mañana.Llegue a casa consciente de que habia alcanzado un peldaño mas en mi tarea de afirmarme como un pintor joven, pero con muchas ganas de vencer en la vida!




sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Te doy Libertad

This painting is about a Colombian girl..Shes here, peacefully looking at her dove..the dove has 2 babies, who stare at her the same way..there'meaning behind it.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

New work, new feelings

Working on this new painting..I find colours most exciting and now Im trying to define and to show emotions ans expressions with faces.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Enduring...

Like I said in the last post, I've been working in  a new set of paintings about Lisbon, but dont want to depicte the streets as they are, but instead the people, the actions, the feelings..It's not an easy task, but I believe as an artist, its a way to grow and learn.

A few ago I was in Portugal, and couldn't not leave without visiting the Galerie of a good friend of mine, at the Altis Hotel.we have known each other since little kids, and now he owns a Galerie. But its not just a Galerie.He works with the best known artists from Portugal and abroad. Names like Cruzeiro Seixas, Artur Bual, Alfredo Luz, Julio REsende,among others are frequent in his walls, and for my delight I could always enjoy the pleasure of being there admiring those works.

Now, as I slowly raise as an artist, I'll be able to work with him, exhibitng my works and try to sell them. When yo ustart as an artist there are lots of ups and downs, getting shows and sell its the hardest part, but you have always to try your best. As for me, I go through different stages, right now I'm painting and hope to have by the end of the Summer enough work to show around.

domingo, 8 de julho de 2012

Lately I've been busy with paintings and drawings about Lisbon..Not in  the way that people normally depicte it, with streets and buildings, etc..but I focus more on the people, on the feelings, the neighbourhoods...On the songs that Fado represents, in the trams, going up and down, etc...Recently , and because I dont have much time , Im working on this new one...

sábado, 23 de junho de 2012

" O peso da crise"

                                                                   " O peso da crise"
                                                           100x70 cms/Oil sobre tela

domingo, 17 de junho de 2012

domingo, 10 de junho de 2012

Working..

Im working now on this new painting..a woman holding on to adoor..what's behind it?? What is she expecting? I dont know..Around here there are too many things, that will be erased throughout the painting...But I still dont know which ones..that happens often.

sábado, 9 de junho de 2012

http://www.igeteomx.info/2012/05/pintura-de-bruno-netto-en-el-museo-dieguino/
                                                                        " Mother"
                                                           100x70 cms Oil on canvas

quinta-feira, 7 de junho de 2012

The painting with the white little girl and the black maid is finished and the result is this painting,full of meaning Where bounds betwen the two are unmistakable strong

puertas de Buenos Aires

These last days,a friend of mine that was in vacations in Buenos Aires for a period of time,told me about one of the grat things about the wonderful city of Bs As: doors.Yes,the doors throughout the city are amazingly beautiful and ,after checking about 100 pictures,I've decided to make a serie of paintings with doors. Women interactivating with doors.With their surroundings.Doors can be a way out,or a way in.In our daily lifes we use doors to pass diferent stages in our daily lives. SSo I'm busy with It,with their surroundings .

quarta-feira, 30 de maio de 2012


Working on this new painting..About a black woman holding to a little white girl.She's the one who raised her, even though she belongs into another world. A world of different social status, but in her heart, she cries out for her " mummy", the person who really gave her love, confort and made her feel safe in those stormy nights.


She's her Mummy. And she knows it.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Yesterday I've been painting all day..need that feeling of creating a new work,this time related to social conflicts. The painting I'm working on depicts a black woman holding in her arms a white,blond little girl which Is bond to someone around them.the little girl is not her daughter,but shes the one who raised her. True love Is given by someone else instead her own mother.

domingo, 27 de maio de 2012

Little girl

Today, I am working in new paintings..These ones will be related to social unfairness, people who deserve to be happy, children  who should not have to beg for food or shelter or ueducation, motehrs who raise their children alone, without the basics to feed them or even nurture...LOVE is important, and also welfare, charity and one feeling that is important, special, inteligente.

Weeks ago I saw a movie about the black women , maids in the 60's , who had toserve a society full of white women, who treated them like 2nd hand people, almost slaves..But these brave women, they were the ones ending up raising their children, while they were to busy playing Poker.

My next paintings will be a tribute to all these women, all these children who deserve a better life.

(Todavia no me olvide de ti, pequena nina en Guanajuato)

terça-feira, 15 de maio de 2012

La experiencia en guanajuato ha sido fantástica y todavía siento el calor de todo lo que recibí de esa gente!

domingo, 29 de abril de 2012

En Guanajuato, Mexico...

Y aqui estoy en Guanajuato, Mexico, desde hace 5 dias. La experiencia esta siendo de lo mejor y todo lo que ya pude sentir , experimentar, ver y escuchar valen la pena.

La exposicion fue un trememendo exito!!!! El Miercoles fui entrevistado para la MB Television, del estado de Guanajuato, y despues salgo en el periodico mas grand deel Estado, el  a.m! M siento muy humilde con toda esta experienia, y la verdad el Viernes resulto ser lo mas cautivador posible.

Guanajuato es una ciudad preciosa! Tienen sus callejones, sus gentes, su comida, me harto de caminar y conocer..claro, hay tambien la otra cara de la moneda..la pobreza no s hace sentir tanto como en el DF, pero..aun asi vi una escena q me parte el corazon..Una niña, no mas de 5 añitos, pidiendo esmola en la calle..de tanto haber estado alli, sus bracitos ya se cayan por estar tanto tiempo de brazo estndido..y su mirada... esa mirada de una niña triste, de una niña que podria y quereria estar haciendo 1001 otras cosas, pero qu tenia que estar alli, pidiendo een una calle, sin que nadie l de atencion..le di 10 pesos, pero...no compra su felicidad.

podria ser mi hija alli, de brazo estendido, o mi hijo. Y estas cosas solo me hacen agradecer  la increible suerte que tengo de pertenecer a una otra clase..pero aun asi, soy igual que esa niña. Tambien yo estendo mi brazo pidiendo esmola, pidiendo atencion d gente que tiene el poder.


Todos somos niños.

Y todos somos esa niña.

terça-feira, 27 de março de 2012

Getting ready for the exhibition..

And here I am..Late at night, while my team, SLBenfica is playing in the Champions League against Chelsea, Im still working..Getting ready to exhibit at the Museum Dieguino and the Diego Rivera.Two great oportunities that I hope that will pay off...

This is my latest one:

quinta-feira, 15 de março de 2012

Working for the Diego Rivera

So here am I , busy busy with the paintings taht I will exhibit at the Museum Diego Rivera, in Guanajuato, Mexico the 3rd of May 2012.:)

Everything has been so quick, I still feel the thrill of the announcement at my hands, waiting to be painted in some sord of canvas!

But, nevertheless, I keep on painting, working to achieve my dream, my goal in this hard world of Painting.

This is my last one:

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Working hard

So, im still working hard in making new paintings for the exhibition that will take place in Guanajuato, Mexico. Everything seems to tell me that it will be at the Casa Museo Diego Rivera, but I still need the confirmation from them, so my manager is taking care of it.

Meanwhile, new paintings are coming, and in total it will be around9-10 paintings that will fly off to Mexico, in the beginning of April!